Byungchae Ryan Son

A Nebulosidade em Torno da Privacidade Digital

  • Idioma de escrita: Coreana
  • País de referência: Todos os paísescountry-flag
  • TI

Criado: 2024-05-10

Criado: 2024-05-10 12:17

O governo dos EUA formalizou, no final do mês passado, amedida de exclusão do TikTok de todos os equipamentos e sistemas em todos os órgãos federais.


Essa decisão, que também está sendo seguida pela União Europeia e pelo Canadá, baseia-se na forma sofisticada como o TikTok coleta dados dos usuários e no fato de que o governo chinês possui acesso aos dados das empresas. As preocupações com a privacidade relacionadas ao TikTok, como a exclusão do TikTok no YouTube ou na pesquisa do Google, ou a recusa dos cookies do TikTok, já eram amplamente conhecidas pelos usuários há 2 ou 3 anos. A multa de 5 milhões de euros aplicada pelo TikTok ao Reino Unido e à Irlanda, no mês passado, pelo dificultamento da recusa de todos os cookies, é outra medida de reação muito prática a essas preocupações com a coleta e o uso de dados dos usuários.


No entanto, espera-se que o TikTok tenha gerado uma receita de publicidade próxima a US$ 10 bilhões no ano passado, e o tempo de permanência por usuário é o maior em comparação com outras plataformas, tendo sido confirmada uma tendência de crescimento contínuo nas compras dentro do aplicativo por sete trimestres consecutivos.


Portanto, é difícil concluir que o crescimento do TikTok se deve apenas ao apelo da plataforma. Em vez disso, é necessário observar esse fenômeno como um reflexo da atual atitude ambígua dos usuários em relação à sua privacidade digital.


A privacidade, para o indivíduo, é a capacidade de controlar quem pode acessar suas informações, por que e por quais meios. No mundo real, é possível proteger a privacidade de forma simples e clara com um chapéu ou uma película para notebook. Mas como seria a gestão da privacidade no mundo digital? As pessoas se indignam com os artigos sobre o rastreamento excessivo de localização das empresas, mas não alteram as configurações do iPhone. Talvez estejam simplesmente se curvando à pressão social para dizer que se importam, adotando uma atitude de compromisso para continuar usando os produtos e serviços que usam essa tecnologia. E isso parece ser um exemplo clássico do que os cientistas sociais chamam de 'Lacuna entre Comportamento e Intenção'.


Para muitas pessoas, a privacidade digital é incrivelmente difícil de entender, até mesmo o que ela é. Quantas pessoas realmente verificam as políticas de privacidade na parte inferior dos sites que visitam? O New York Times analisou as políticas de privacidade de 150 empresas e as chamou de 'um desastre incompreensível', algumas das quais são mais complexas do que a 'Crítica da Razão Pura' de Kant.


Até agora, a privacidade digital tem sido principalmente uma questão de interesse teórico para as pessoas. Elas sentem medo quando ouvem histórias de outras pessoas sendo 'hackeadas' e fotos não autorizadas são vazadas online, ou quando se tornam vítimas de anúncios baseados em dados, ou quando experimentam anúncios direcionados como pop-ups ou chamadas de spam em suas vidas.


No entanto, a sensação crescente de ser um alvo potencial constante da busca por intenções de outras pessoas está impulsionando uma cultura de 'desconexão', na qual as pessoas tentam adotar uma postura mais rigorosa entre as empresas e seus próprios interesses. A Apple já viu isso como uma oportunidade de negócios e, em seu ecossistema da App Store, deu aos usuários a opção de decidir se empresas de plataformas de anúncios digitais existentes podem acessar seus dados, simbolicamente defendendo uma posição centrada no usuário em relação à privacidade digital.


Então, como as empresas podem conectar essa demanda latente dos usuários por privacidade a oportunidades estratégicas no futuro?


Primeiro, a simplicidade dá uma sensação de segurança. O medo da perda de privacidade surge devido a intenções obscuras e políticas complexas relacionadas. As pessoas começam a se preocupar quando não sabem como seus dados pessoais estão sendo usados. Além disso, páginas de políticas escritas em textos longos dão a impressão de que foram escritas para proteger a empresa, em vez de explicar para as pessoas. Em vez disso, as pessoas precisam de frases simples que as ajudem a entender o que a tecnologia da empresa pode e não pode fazer.


Segundo, forneça instruções de ação fáceis. No mundo material, a privacidade é intuitiva e tangível. É fácil de controlar com roupas, máscaras, cortinas, etc. A privacidade no reino digital deve ser sentida da mesma forma, e isso pode começar com a oportunidade de realizar ações pequenas, fáceis, mas simbólicas. Muitas pessoas ainda colocam fita adesiva na câmera do laptop. O Snapchat já se diferenciou ao oferecer aos usuários a oportunidade de agir em relação ao controle de sua privacidade por meio do recurso My Eyes Only em 2016. O cerne da privacidade deve ser visível na interface e controlável por meio de interações intuitivas do dia a dia.


As estratégias para tornar a privacidade intuitiva e concreta não devem mais se direcionar apenas ao vazio.


*Este texto é a versão original do artigo publicado em 14 de março de 2023 no coluna assinada no jornal eletrônico.


Referências

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